O Recado News

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segunda-feira, 15 de março de 2010


Um sonho realizado
O ciclismo na vida de João Paulo Curado representou muito mais que uma prática da diversão esportiva, foi profissão levada a sério. Para muitas pessoas o ciclismo é simplesmente montar numa bicicleta e sair pedalando, mas o contrário disso são horas e mais horas de treinos enfrentando o trânsito nas estradas sob o sol forte e o clima escaldante, e às vezes até chuvoso com geada. A vida do esportista profissional não é fácil porque além dos treinos o atleta tem que estudar, descansar, ir ao médico para uma avaliação periódica, pagar um nutricionista e ter dinheiro para manter as despezas com equipamentos e viagens.
Enquanto competiu pelo mundo afora João revelou que o maior ganho foi o de ter conhecido quase o Brasil inteiro e a América do Sul, além de ter conquistado amizades boas por onde passou. "Foram mais de 12 anos de competindo numa vida difícil com a falta de patrocínio acompanhado do descaso dos órgãos e das secretarias de esporte. Mas, diante de toda essa realidade, para mim, ganhei muito com o conhecimento pelo país afora. Morei cerca de um ano na cidade paranaense de Foz do Iguaçu onde tive a chance de conhecer a capital do Paraguai, Argentina, Chile e Uruguai. Em Macapá vivi cerca de oito meses e tive a oportunidade de conhecer boa parte da Guianna Francesa patrocinado pelo Clube dos Oficiais da Polícia Militar de Macapá. Já na capital goiana morei durante dois anos sendo patrocinado pela equipe Alfa e pela equipe Magalhães, que tinha o patrocínio da Mabel. Para mim tudo isso foi uma experiência brilhante onde consegui fazer bons amigos", relatou João Curado.
João Paulo da Silva Curado é filho de Planaltina e nunca negou suas origens por onde passou embora nascesse na Satélite de Taguatinga. "Moro aqui há mais de trinta anos e nunca tive vergonha de dizer ser um cidadão planaltinense. Perdi muitas chances por dizer que era daqui. Em 2004 conquistei em Santa Catarina um dos melhores resultados em toda minha carreira ciclística - fiquei em 3º lugar na classificação geral no prêmio de montanha após percorrer mais de mil quilômetros saindo de Chapecó, na fronteira com a Argentina e chegando em Rio do Sul, no litoral catarinense - quando viram a minha ficha e viram que eu era goiano, nem minha foto saiu no jornal. Fiquei triste pelo fato de ter sido discriminado, mas honrado por ter conquistado o terceiro lugar numa das competições mais difíceis do Brasil. Eu nem ia mais participar dessa competição, pois não tinha dinheiro para viajar. Quem pagou minha viagem de última hora foi o empresário Henrique Pinto, que me fez viajar sete horas de avião até Chapecó", relatou João Curado.
João Paulo da Silva Curado começou a praticar esporte aos 13 anos de idade quando não saía da quadra de esporte jogando futebol. em 1992, com apenas 14 anos de idade repetiu a 5ª série por causa de bola. Já em em 1993, no conhecido "Colégio do João", João Paulo conheceu Flávio Borracha, que corria a pé e pedalava numa bicicleta francesa da marca Peugeot com aros tubulares. Nessa época, João Curado, entusiasmado com o ciclismo, comprou uma Caloi 10 vermelha com guidão reto e a catraca fixa de 16 dentes e a coroa com 56 - aí João treinou para participar da sua primeira competição em Planaltina Goiás - o percurso era de 5 quilômetros e ele ficou em 2º lugar perdendo para o rival e amigo Flávio Borracha, que garantiu a taça em primeiro. Flávio garantiu o primeiro lugar com o tempo de 7 minutos e 5 segundos seguido de João paulo com 7 minutos 9 segundos, que cruzou a linha de chegada na marra, com a roda traseira travada e o cubo rachado e o cone caído no chão. Em terceiro lugar ficou Jovane Curado seu irmão. Com a necessidade de melhorar os treinos e chegar bem nas competições, João Paulo comprou no início de 2004 uma bicilceta do fabricante Colnago Colombus toda revitalizada com os aros tubulares. Essa foi a primeira bike importada de João. As marchas funcionavam na alavanquinha, o que segundo ele trocava as marchas como os joelhos.
Ao todo, João Paulo participou de mais de 100 provas de ciclismo onde subiu no pódio mais de 60 vezes. Em 1995 ele participou de 12 provas e subiu no pódio nove vezes, sendo que, ganhou duas etapas, e ficou em segundo lugar três vezes. Em 1996 João participou de 25 competições tendo subido no pódio vinte vezes e foi campeão em seis provas, ficou duas em 2º lugar, quatro em 3º lugar e cinco em 5º lugar. 2001 foi o marco da primeira prova Internacional disputada em Cayenne, na Guianna Francesa. Foram 1350 quilômetros disputados em sete etapas onde João ficou em 21º lugar na classificação final sendo o segundo melhor brasileiro na competição usando a camisa do Estado do Amapá. Segundo ele só não foi melhor porque os europeus e os americanos estavam muito superiores aos brasileiros com relação aos equipamentos e a alta performance.
Pra se ter uma idéia João contou que em uma das etapas de 200 quilômetros, sentiu muitas cãimbras no final, mas terminou a etapa entre os trinta primeiros com o tempo de 4h 30 min. Quem venceu foi um italiano que concluiu a etapa em 4h 25 min.
Durante sua carreira ciclística João participou de várias provas internacionais sendo elas duas Voltas Internacionais do Rio de Janeiro, uma Volta Internacional do Estado de São Paulo, duas Voltas Internacionais de Santa Catarina, uma Volta Internacional do Pantanal, em Mato Grosso do Sul e a Volta de Cayenne, na Guianna Francesa.
João Concluiu a reportagem dizendo que o maior ganho de tudo isso foi o conhecimento adquirido através de boas amizades e da promoção do bem-estar social, físico e mental. Para ele a maior decepção foi a de ter parado de praticar o esporte pela falta de apoio e de patrocínio. "A cidade onde moro a mais de trinta anos nunca me deu uma chance e nem por isso neguei ser um cidadão planaltinense", concluiu João Paulo Curado.

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